"É ela! É ela! — Murmurou tremendo,
E o eco ao longe murmurou — é ela!
Eu a vi minha fada aérea e pura —
A minha lavadeira na janela!”
(Álvares de Azevedo, in É ela! É ela! É ela! É ela!, cit., p. 44.)
Confiemos que seja ela como Álvares disse e não posso evitar imaginá-la com lascividade. Como a menina dos olhos. Uma virgem intocada, uma moça quase imaculada. Envolvida pelos olhares do atencioso amante, protegida, guardada numa redoma de possibilidades e condões. Parecendo ser perfeita. Ó céus!, e será que era? será que existia? — quem é que sabe, afinal?
Com eflúvio era sendo e foi sendo, por mais que soe estranho foi assim e será sempre assim porque sua história já foi escrita. Se existiu essa moça só posso dizer teve sorte, mas deve-se levar em conta que todo poeta tende um pouco à loucura, então, por uma fração de tempo imaginemos que ela seja fruto da imaginação de um homem com muito amor para dar e muito papel para escrever, sem tempo para sair e conhecer o mundo além das bebedeiras.
Todo ditoso, todo prosa, o poeta fez história amando a moça cândida que carregava nas lembranças do que não viveu. E almejo quase de forma maviosa e leve ser amada tanto quanto ela foi e descrita com tamanho estro de um sentimento não-descrito nem falado, só guardado no estio do olhar d’um poeta.
"Fulgure então o porvir e que me faças tua e então ser ela, asinha! asinha!"
Fernanda F.
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