Planejamos o futuro sem nem pensarmos nos erros do passado; agora é em tese, assim: tudo outra vez só que mais leve e bonito. Dado que toda história é um livro, começamos a escrever a nossa. São gêneros da prosa, te digo acadêmica. Carta e diário. “Como Ana“, você completa. Sim, nossa escrita é assim também, falsamente confessional.
Paráfrases, citações, aspas e mais aspas. Sou outros mil enquanto te rascunho mais palavras e juras. Ironizo, falo em códigos, fantasio. É tudo ficcional – pensam -. Digo que não; só parte, bem pequena, mínima. Quase nada.
É pura volúpia, exagero e calmaria. Será possível reunir tudo isso sem perder a elegância? – Indago -. Ser elegante é político, elitista. A gente não faz média; briga aos gritos e prantos, depois volta em lágrimas e se derrama em desculpas sinceras. Não somos elegantes, verdade, nossa história é baseada na incredulidade, no deboche e no desejo de corpos que faíscam por conta do atrito criado pela distância. Não somos o romance dividido em frascos, não somos um best-seller. Somos um romance regionalista bem ácido, por vezes marginal.
Somos Chico e Caetano ao mesmo tempo que somos o brega e o rock-chique. Somos um sambinha calmo que embala a sensualidade num intertexto de livre interpretação. Somos a delícia, a devoção e o pecado.
Tua cor, tua luta, tua história, teus cachos. Tuas curvas: sorriso, seios e coxas – abertas -; traduções sinônimas do meu desejo.
Entre lágrimas e soluços te escrevo agora, escrevo sobre o ato de escrevermos nossa história. Escrevo o que não digo enquanto espero que leias e sinta nas veias o que me inflama o peito: este amor todo. Escrevo porque me falta o ar quando lhe falo. Escrevo porque o que escrevi-te antes não me parece ser o suficiente.
EscreverEu escrevoTu escrevesNós escrevemos.
De repente uma coisa só, uma história só. De uma hora pra outra somos o embalo da promoção no supermercado: Pague dois, leve um. Quem é que paga a conta dos nossos excessos, amor?
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