terça-feira, 22 de outubro de 2013

Que há de se fazer se juntos já perdemos a noção da hora?

Das noites eternas confundi minha risada com a tua e meus seios se perderam em tuas mãos; de repente meu corpo era tua tela em branco esperando para se tornar arte e nos amamos feitos dois pagãos, como cantou Chico. As horas eram cobertas pelas fagulhas da nossa ligação mística e eu, ingênua, confundi teu paletó com meu vestido e trancei teus cabelos nos meus. Teus lábios me tocaram o corpo inteiro e na desordem dos meus pensamentos embutidos me pego enraizada nos teus braços com os teus cabelos negros me caindo sobre o corpo como uma mortalha. E tuas mãos me descobrem inteira...

Nossa sorte se escreveu quando te conheci, me fiz tua e enlacei meu destino ao teu. Excede as fronteiras do meu peito este sentimento, de tão imenso que é, e de repente só o teu corpo é repouso para a minha alma esquálida e triste. Juntos somos a história de nós mesmos e somos a arte de nos ser entregando-se um do outro como se nada mais houvesse porque tudo o que havia não adentra no nosso mundo paralelo.

Dei pra sonhar desde que te conheci, desvaneci, perdi o chão; travesseei com as palavras e fiz drama do amor e do amor, puro drama. E nos teus braços meus erros lhe causavam risadas. E isso me fazia completa, a simplicidade de não precisar de mais nada quando nos teus braços estou. E ah!, sua risada deveria ser hino de tão deliciosa que é…

Juntos nós somos brasa, fogo e paixão, sozinhos já não sei mais não.

Minhas folhas de papel soltas, espalhadas pelo quarto, e teu corpo tocando elas sem tocar, tocando-as por intermédio destas palavras limitadas que o tornam a arte escrita, a arte da minh'alma. Porque minha boca te canta, meus olhos te contam, meus ouvidos te ouvem e estas mãos que logo padeceram na carne, descrevem-no com imprecisão já que você está em constante mudança. Nessa vida já confundimos muito nossas pernas e demos passos largos e soltos, mas minhas mãos nunca soltaram as tuas.

Acho que só estás fazendo de conta, enquanto eu conto as horas para te ver.

Que se há de fazer se juntos já perdemos a noção da hora?

Nada há de se fazer pelo que foi feito. Se na bagunça do teu coração eu me perdi, me perdoe, jamais pretendo me encontrar. Meu lar são os teus braços ternos e os lençóis que nós cobrem despidos são a proteção que precisamos. Nosso forte seguro nesse nosso mundo paralelo e surreal.

Fernanda F.

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