domingo, 10 de novembro de 2013

Romper, renascer, transcender.

Minha escrita range; arranha o coração que é seco. Meus sentimentos gritam e estas palavras são a expressão mais honesta de mim mesma. Aliás, o que é honestidade senão se mostrar despida de seus temores e esperar que te aceitem com todos os defeitos e todos os pecados, e te acolham com afeto mesmo nos dias em que você for puro exagero? Honestidade não é ser sincero, acima de tudo, consigo mesmo?

Em dias tristes costumo pensar nos dias mais tristes que tive. Por algum motivo, dimensionar a melancolia me ajudou a lidar com ela. Numa quarta ou quinta-feira de novembro, isso deixou de funcionar.

Cogitei suicídio. Novamente. Inacreditavelmente. Juro.
Nada fiz.

Pensei em mil modos de sumir do mundo, nenhum me pareceu eficaz.

Uma vez iniciado, o processo não poderia ser interrompido. Lembro de ter lido "O suicídio começa por dentro"; verídico.

Procurei durante algum tempo por pílulas milagrosas que causassem amnésia das mágoas e tratassem incapacidade de ser feliz; encontrei pílulas que ajustavam meus niveís químicos, a alegria dos ansiolíticos não durou muito tempo.

A paz dos ansiolíticos é efêmera. Descobri logo.

Eutimia não existia. Meus temores superaram meus sonhos. Toda a fé foi tragada.

Morrer, de dentro pra fora. Romper as barreiras. Renascer de mim mesma. Transcender destas mágoas, pecados e de toda essa melancolia que é a doença incurável que eu trago na alma.

Morrer, mais do que poeticamente. Sair da vida, sem entrar na história.
Pedir permissão às divindades para não existir mais.

Suicidar-se, matar a vida. Respira fundo, espera só mais dez minutos até tirar sua vida. Transcenda, conte até vinte, repita um mantra. Res-pi-ra. Ins-pi-ra. Não morre! Não agora.

Transceder o eu sou, renascer no eu era.

Eu quis morrer. De novo. Respirei fundo e superei outro dia. É só mais um dia do resto de toda a minha vida. (In)felizmente!


Fernanda F.

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