Minha escrita range; arranha o coração que é seco. Meus sentimentos gritam e estas palavras são a expressão mais honesta de mim mesma. Aliás, o que é honestidade senão se mostrar despida de seus temores e esperar que te aceitem com todos os defeitos e todos os pecados, e te acolham com afeto mesmo nos dias em que você for puro exagero? Honestidade não é ser sincero, acima de tudo, consigo mesmo?
Em dias tristes costumo pensar nos dias mais tristes que tive. Por algum motivo, dimensionar a melancolia me ajudou a lidar com ela. Numa quarta ou quinta-feira de novembro, isso deixou de funcionar.
Cogitei suicídio. Novamente. Inacreditavelmente. Juro.
Nada fiz.
Pensei em mil modos de sumir do mundo, nenhum me pareceu eficaz.
Uma vez iniciado, o processo não poderia ser interrompido. Lembro de ter lido "O suicídio começa por dentro"; verídico.
Procurei durante algum tempo por pílulas milagrosas que causassem amnésia das mágoas e tratassem incapacidade de ser feliz; encontrei pílulas que ajustavam meus niveís químicos, a alegria dos ansiolíticos não durou muito tempo.
A paz dos ansiolíticos é efêmera. Descobri logo.
Eutimia não existia. Meus temores superaram meus sonhos. Toda a fé foi tragada.
Morrer, de dentro pra fora. Romper as barreiras. Renascer de mim mesma. Transcender destas mágoas, pecados e de toda essa melancolia que é a doença incurável que eu trago na alma.
Morrer, mais do que poeticamente. Sair da vida, sem entrar na história.
Pedir permissão às divindades para não existir mais.
Suicidar-se, matar a vida. Respira fundo, espera só mais dez minutos até tirar sua vida. Transcenda, conte até vinte, repita um mantra. Res-pi-ra. Ins-pi-ra. Não morre! Não agora.
Transceder o eu sou, renascer no eu era.
Eu quis morrer. De novo. Respirei fundo e superei outro dia. É só mais um dia do resto de toda a minha vida. (In)felizmente!
Fernanda F.
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