Meu coração triste-tristinho muda de ritmo quando encontra seus olhos amargos. Tua tristeza me dói tanto quanto se fosse minha; e as marchinhas desse carnaval infame, são para ti marcha fúnebre. Nossa festa começou quando tudo mais eram cinzas e o nosso bloco era algo sobre dois sós.
Tua voz é música e seus olhos são duas profundas fontes de beleza e promessas. E quando estou nos braços teus, sou toda melodia.
Você é poeta e artista, e seu coração é calejado como as mãos de quem muito trabalha. Sua beleza mais linda é uma que você talvez nem saiba que existe; e enquanto você entrelaça suas mãos nas minhas mãos, fantasio destinos para nós dois como uma coisa só.
E toda essa beleza utópica, de repente, não existe mais. O destino tece sempre mil tramas, nenhuma se desfaz. Muito mais do que consigo descrever, sinto. Tudo é muito, muito além desse pequenino.
Teus braços fortes me suspendem como quem segura no alto uma boneca de pano e então me torno sua brincadeira, e tudo mais é lira. Sou tua, você é meu. Enquanto repete o quanto me quer, seus olhos dizem tudo o que a boca não diz. E você se entrega.
Seu castelo é de areia, suas muralhas são de sal. Tudo, agora, se desmancha.
Nem toda a tua boêmia é capaz de calar as vozes que gritam meu nome dentro de você. Minha poesia toda é puro devaneio quando me vejo nos braços teus. E então, pecamos.
Cometemos o pecado mortal de querer de novo, se entregar de novo, flertar de novo e amar - Por que não? -. Pecamos e aceitamos as consequências, que mesmo que tardem, sabemos que virão. Somos duas crianças e nossa brincadeira é um carnaval fora de hora.
Seu confete me escorre pelo corpo e eu sou toda você. Sou linda, você diz. E eu aceito e agradeço, mesmo tímida.
Digo-te para que me olhes e me enxergue. A ti quero o maior bem desse mundo; quero feliz e sorrindo. "Olha pra mim! Olha pra mim e sorri. Sorri com os olhos, homem triste." A gente tem que ser mais que uns copos de cerveja e vodca, a gente tem que ser feliz. Com a cerveja, a vodca e sem elas também.
Sua voz tão melancólica ainda me ecoa pelos ouvidos; você diz que isso é fase e que logo passa, eu rezo e peço: tomara.
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