sábado, 15 de março de 2014

Você.

As paredes verde-abacate do teu quarto 4x4 retém meus gritos de dor e prazer, enquanto você me devora. Uma puta mescla! - pensei ao mesmo tempo que me contorcia inteira. Desejei todo o tempo nunca ter de sair dos braços teus. Meu lar, meu lugar, meu estar, de repente não eram um espaço, mas sim uma pessoa. Você.

Tuas mãos em mim eram um indie mansinho, dizendo muito e tudo, sem palavra alguma dizer.

"É complicado", você me dizia como quem diz que no teu colchão eu sempre teria espaço cativo - pelo menos por hora, mas seu coração era terra de alguém que não eu. (Por que não eu?)

Por que não eu a ser a tua musa? Por que não ser para mim o teu desejo de estar entre as pernas de uma bela mulher? Por quê?

Minhas pernas se abrem quando e como você quiser, mas meu coração já te pertence antes disso; antes de ser teu, já era. Será possível? Estou tomada pelo torpor de te querer mais e sempre, mesmo sem poder. Estou perdida entre centenas de devaneios que são como cartas, todos endereçados a você.

Teu cigarro me é motivo de tesão, o gosto do fumo entre teus lábios me tomou o corpo inteiro. Não consigo emoldurar a imensidão que é não pertencer a lugar nenhum, mas caber exatamente no espaço do teu peito.

Você parece ter saído de um clássico do cinema, de uma música bem calminha e agora, você é puro ritmo. No meu peito, sinto as batidas do teu coração; teu coração gigante que - infelizmente, comporta apenas um amor. Um por vez.

Serei eu a cura ou o renovo? A redenção ou o remendo? Ser a segunda é menos do que eu queria e mais do que eu precisava. É o começo de um novo ciclo e enquanto festejo por dentro, dou meus primeiros passos um tanto retraídos nessa caminhada. Conto sobre você aos meus amigos, inimigos e até para gente que eu nem conheço.

Essa volúpia me toma o corpo inteiro e minh'alma dança. Você é a música e a valsa. A lira e o samba. Você é o poeta e o poema; eu te escrevo, te leio e sou tua poesia que surge aos poucos. Pequeninha, moderada, que só o tempo cuidará de regar.

Você se veste, se despe, se veste, se despe, e eu te olho com meus olhos de comer fotografia como quem vê a própria redenção. Vejo-te e faço mais do que isso: enxergo-te. Lindo, manso, carinhoso e frágil. Lábios amargos que me dão longos beijos doces, a sensualidade de dividir um cigarro e nossas mãos que se entrelaçam e apertam, são mais, muito mais, que a mais pura poesia. Somos a história de dois sós, que juntos fazem rima sem querer.

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