Começo a escrever-te como quem engole uma saliva grossa e uma porção de palavras que travam a goela. Sou agora uma mescla de timidez e tesão, ansiedade e medo. Sou toda emoção e como quem quer atenuar tudo isso, corro os dedos por esse teclado imenso tentando encontrar uma porção de letras perdidas. Possivelmente, as letras do teu nome.
És tu uma paixão maior e mais bonita que todas as outras, uma lira que não rima nem versa, mas todo mundo entende; és, mesmo que acanhado, um "quê" que desabrocha, surge aos poucos. E tudo o que era moderado, hoje é puro excesso. Juntos somos todas as coisas do mundo sem nunca sairmos de nós mesmos.
Sou uma reza solta a quem você devota seus esforços e carícias - será completamente? -, sou tua "coisa alguma" dentro de todas as coisas; sou, amor, pura arte nas tuas mãos firmes.
Respiro fundo duas ou três vezes como quem busca o fôlego dentro do seu próprio eu, enquanto você entrelaça tua mão na minha. Toda a minha volúpia não lhe assusta em nada, porque você é assim também. Isso eu sei e sinto.
Apavorada dentro do que rascunho agora, faço essas juras de valor inestimável que talvez não lhe signifiquem nada, mas a ti pertencem. Existem porque você as cativou, porque me cativou. Sou lira, valsa e um samba também. Nas tuas mãos sou música, dança e poesia. Não importa o que fui ou sou, você me faz simplesmente tua.
Aceito teus comentários ácidos porque são provenientes destes teus lábios rosados; lábios cheios de linhas que formam trilhas onde eu quero me perder. Aceito tuas piadas que graça não tem e as piores notícias do mundo eu poderia receber dessa tua boca, já que teu lindo sorriso ameniza qualquer revés.
Tanto te quero que por vinte e quatro horas não fumei nem um cigarro. Economizo dez minutos de vida para poder desfrutá-los nos braços teus. Economizo o fôlego, o ânimo, o peito, os olhos. Tudo por você, que quando repousa entre as minhas coxas e quase me machuca com a tua barba mal feita é todo prosa. Fotografo mentalmente tuas feições enquanto a negrura do teu quarto quatro por quatro nos cobre por inteiro, faço vídeos, escrevo poesias, enquanto os meus olhos desencontram-se dos teus.
Sou toda essa indecência que você abraça agora. Dentro da minha esquizofrenia sou Maria, Maria briguenta, Maria bem amada, Maria pseudo-cult, Maria puro amor e tesão. Maria para ser todas, Capitu por ser única e tua. Capitu que te beija, despe, engole, cospe, monta e gosta. Capitu que te gosta.
Meus olhos de cigana oblíqua e dissimulada te consomem inteiro e por dentro, eu te devoro.
Sou mistério, poesia, indecência e sedução, pertenço a todos os lugares, mas não caibo em nenhum molde. Agora, porém, sou só uma mulher entregue e devota. Sou tua, querido. Sou toda tua.
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