Meu desejo é essa coisa que não tem nome nem forma, que nada retém e só cabe no espaço vago que existe agora entre os nossos corpos. Meu desejo é todas as coisas e coisa alguma. À você eu amo, já diria Caio: "... raramente me engano."
Apaixonada, me desfaço em parágrafos que você talvez não leia. Tento, do lado de cá, correndo o dedo pelo teclado incólume, procurar palavras que possam ajudar-me a esvaziar tudo o que pulsa e grita. E range. E chora baixinho. Tento resumir tudo o que você é e o que parece ser, vista desse ângulo.
Tuas linhas são curvas, tuas palavras são meias, tua alma é da cor da tua luta. Eu a fito e admiro incansavelmente.
Reverencio toda essa tua volúpia que mal cabe no teu tamanho e tomo para mim tudo o que é amor. Amor teu. Encaixo-me nas brechas da tua fala esperando um dia poder encaixar-me no vão das tuas pernas, e braços, e seios, e lábios - todos -.
Escrevo-te essa prosa que é puro amor e promiscuidade. E que é a minha cara, você sabe. E a sua também.
Indago, curiosa, como quem tudo sabe e mais ainda quer saber. Será possível desvendar teus mistérios? Será possível ocupar teus pensamentos? Será possível marcar todo o teu corpo com meus lábios pintados carmesim?
Ouves-me agora? Lê-me agora? Não o faça.
Sou eu esta coisa alguma, pequenininha, que se descobre aos poucos. Sou quem todos os dias tenta pagar o mal com amor e perdoar o ódio que enegrece a alma. Sou uma poesia de rimas pobres e simples. Sou puro sentimentalismo - barato? - e sacrificando duas ou três partes, consigo chegar ao fim do dia com vida.
Falo de mim porque você ainda me soa como uma interrogação, um convite do próprio pecado.
Você que é tudo isso e além disso, que reza a lenda ser mulher que não foge à luta, que tem os cabelos anelados mais lindos que eu já vi e os promete de travesseiro por aí. Você que tem lábios desenhados para caberem nos meus. Você que é o puro amor em sua forma mais pura.
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