segunda-feira, 12 de maio de 2014

você estranha o que tenho de mais bonito,
mas quando comigo, sozinho num quarto
pequeno, sereno, escuro
quatro por quatro,
de nada reclama.

tudo lhe apetece
e você em gritos e gemidos
agradece
a minha promiscuidade.

sou um todo.
estranho, estreito, perigoso.
sou amor,
dor,
prazer e
torpor.

você até tenta,
se esforça,
concentra.
tudo em vão.

minha grandeza é pequena demais
pros teus olhos,
dois oceanos de profundo nada.

nadar: eu nado,
você nada.
nada mesmo.
coisa alguma.

nenhuma merda é pouca bobagem.
indago, confusa: será?

você confunde,
instiga,
não cede - repete.
e nada diz.

meu fogo você apaga com gasolina
e depois,
como quem ensina,
silencia o meu desejo.

puta, profana, vadia:
me chama! - eu digo.
você obedece.

minhas ordens não questiona,
quando a você elas são benéficas.
me pede calma, que espere e
releve.
eu digo não.
não mais.

e chega.
fim.
ou não,
interrogação?
tesão
e amor,
um porém,
até a próxima linha.




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