Minha poesia escrita vai de encontro à tua que ainda é uma incógnita, mas eu enxergo e sinto. E desejo. Tua poesia é esse sorriso que você não dá com os lábios, mas com os olhos. Tua poesia é essa sensualidade que se esconde dentre teus mil cachos simétricos.
Você é a sua própria poesia. E agora, a minha também.
O mal está nos outros, querida. Somos essa coisa bonita e maculada que o mundo quer engolir, mas não consegue. Somos gigantes, enormes, sofremos da não tão terrível incapacidade de reter o molde. Será um pecado?
Tua volúpia são esses olhos pequenos e teu convite profano é aquele que os lábios não dizem.
Querida, consigo ler e decifrar tuas entrelinhas. Tuas lágrimas desmancham a fortaleza de açúcar que eu sou. Teu corpo é um palco, um show, um muito. Sou eu a espectadora curiosa que observa tímida o desabrochar desse todo que é você.
"Um problemão!" - pensei. Nunca gostei de pequenos desafios.
Tramo, invento, fantasio, fetichizo - impossível não fazê-lo. E enquanto fala, te fito inteira, dos pés a cabeça. Competir pra quê, querida? Meu corpo é uma festa e à você, eu quero receber com honras.
Dispenso as meias palavras, a ladainha, a embromação. Sou isso o que vê, não em absoluto, já que agora me encontro assim: tomada pelo teu compasso, escondida no vislumbre da poesia solta que é você. Sou, então, quem observa a tua grandeza e a admira. E se rende em adoração.
Atenho-me aos teus detalhes que não são mínimos. Gritam. E tem vida própria. Atenho-me enquanto me perco; busco prender-me enquanto me perco. (Será possível?) Encontro-me no escuro do teu olhar: ascendo! Faço de mim um coisa nova, reinvento-me, verto-me em poesia - a tua.
Sou agora essa poesia que urge e surge calminha para fora do meu desespero.
Mulher, você não é blues nem samba e a tua poesia de encontro à minha é um rock n' roll.
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