quinta-feira, 10 de julho de 2014

Ânsia, ABC e o desejo de você.



Sobe à boca agora uma ânsia análoga a de beijar-te;
ânsia do desejo,
desejo de ter nos lábios os teus lábios:
os outros,
os de baixo.

Fecho os olhos, travo a língua,
prendo entre os dentes as palavras que soariam como gemidos.

Tua volúpia me encanta.
Como mais posso dizer isto?

Alfabeticamente:
Auréolas,
boca,
barriga,
boca,
boceta – minha palavra favorita -,
coxas.

Tudo outra vez.
Sobe à garganta outra ânsia agora:
saudades.

Doem e ardem
e rangem baixinho como quem cerra os dentes.

Sobe tudo,
menos a saia.

Bota de lado,
tudo de ruim,
até a calcinha.

Não engulo a ânsia, amor.

Engulo você.

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