Hoje não precisarei de música, o que me embala é o gosto do teu beijo, do teu corpo, do teu desejo e esse buraco do tamanho das tuas medidas, que agora tenho no peito. Minhas lágrimas banham o teclado, as letras, as lembranças e eu me desfaço no vago proposto pelo fantasioso imaginário que me permite ter-te aqui novamente; só por alguns dez minutos, talvez vinte, não mais do que isso.
Desfaço-me também agora na ânsia de tocar o que não toco e tento - mesmo sem tentar verdadeiramente - não enlouquecer de saudades.
Escrevo-te sobre minhas recentes descobertas e o inestimável valor delas, escrevo-te sobre o mapa do tesouro e o tesouro em si. Escrevo como desbravadora e poetisa que sou e também como mulher devota das tuas carícias. Escrevo sobre o milagre do amor que se renova em mim neste momento e também sobre o torpor do depois e a curiosidade sobre o porvir.
De repente faz sentido. O todo. O eu. Nós. O mundo. De repente, tenho um lar, lugar esse que não é lugar, mas sim pessoa. Você. E minhas pontas quebradas encaixam nas tuas; juntas somos um vitral colorido de um amor bem vivo que conta a história não-tão-bonita de nós mesmas.
História que começa dolorida e sem rima, mas pouco a pouco desabrocha, vira samba e dá sal.
Volto ao princípio, reitero agora: escrevo sobre o desafio que tenho nas mãos, o fato de não apenas ter uma mulher, mas sim uma guerreira. Um milhão de vezes te disse que você é da cor da tua luta, tive nos braços o todo: você, tua cor que oscila, tua luta, tua guerra interior que não cessa nunca. Às tuas ordens. A ti pertenço. "[...] Quase enlouqueci, mas depois como era de costume, obedeci."
O mapa do tesouro é teu corpo, o tesouro são as tuas milhões de formas que cabem dentro do teu ser mulher. Ser que se desmembra, alonga, estica, flexibiliza, guerreia pela vida. Ser que é você, que desabrocha aos poucos e mal tem consciência do poder que detém.
Conjugo o teu verbo ser, mulher, assim:
Ser amada.Ser querida.Ser abraçada.E jamais, ser sozinha.Sê tua,sê minha.
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