quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

De-sen-fer-ru-jar

Faz meses que não escrevo. Tento, a partir destas teclas que correm entre meus dedos, procurar palavras para dizer o que minha boca não diz. Se der certo, é poesia. Se não der, também.

Ouvi uma ou duas vezes histórias de quem é feliz e triste. O poeta nos disse que é melhor ser alegre que ser triste. Questiono: Será mesmo? Os caminhos por vezes se fazem turvos, todavia, em minha penumbra resplandece essa luz que nada apaga. O combustível é o amor. Cômico. Há uns meses eu jurava que o amor era um zé-ninguém caído em uma esquina qualquer. O amor que eu conheci costumava doer. Esse não.

Quem diria.

Consegui enxergar beleza na rotina e aprendi a dar risada das desventuras - que quase sempre são em série -. Novamente, quem diria?

Olho pro teclado e quase nada me ocorre, só sei que só penso em escrever sobre amor - que diabo será isso? -. Em diálogos mentais indago-me uma porção de vezes por dia sobre o futuro; o amor é essa coisa também, quero dizer, dúvida. Amanheço com taquicardia, meu coração quase foge do peito. Deve ser a falta do cigarro. Não fumo há meses. Amar também é abrir mão: abandonar certos vícios, adquirir novos.

O amor faz com a gente uma coisa que até pode ser chamada de cura. Funciona mais ou menos como juntar todos os pedaços e costurar tudo, uma espécie de enorme retalhar, isso mesmo, e de repente certas coisas não doem mais. Ou talvez doam, mas não como antes.

A gente se olha e não se reconhece mais. O espelho mente. E de uma hora pra outra a gente volta a sorrir e sorri com a alma, coisa bonita demais de se ver. Eu gosto. Gosto de ver em mim um sorriso livre de amarras, livre de angústias. Puro feito o que eu tenho sentido.

Não deveria ser assim. É cruel e ilegítimo entregar-se a alguém dessa forma. Penso que não é humano e então, despenso. Será mesmo que há explicação científica para essa coisa de confiar-se totalmente à outra pessoa? Minh'alma de meretriz é uma história a se contar, é hoje um caso a parte, uma história de pertencimento e devoção. O amor fez isso também.

Aqui, na Terra do Sol, os dias são claros e quentes, a tristeza quase nunca se faz presente. O calor aquece o coração da gente, coisa boa de sentir, um sentimento novo para mim. Tudo se faz esperança, renovo, recomeço. É tudo mais bonito.

Gosto com gosto dessa história e não é porque é minha. Gosto porque é levinha e docinha e tem o cotidiano como pano de fundo. Gosto de coisas que não são complicadas de escrever ou contar, mas que ainda assim, dão um nó na cabeça da gente por serem justinho assim, bonitas demais. E todas as palavras tornam-se inócuas quando se trata de falar de coisas bonitas. Ninguém conta o amor.

Ninguém.
Nem eu.

De qualquer forma, pensei em escrever duas ou três coisas que pudessem testificar a beleza do que hoje sinto e aqui estou; quisera eu poder descrever com exatidão a magnitude desse sentimento que é tão transformador que mesmo em dias cinzas como este, se faz aconchego e certeza de dias melhores. E, sabe, é totalmente novo para mim escrever sobre quaisquer coisas que não sejam promíscuas, impalpáveis ou infelizes, por isso, é provável que eu erre ou que pule um detalhe importante qualquer, o que importa sinceramente é a vontade de falar sobre isso que já não cabe em mim.

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